sábado, 5 de novembro de 2011

MINHA NAMORADA

Meu Deus
será minha namorada emprestando luz à solidão?

É minha namorada nas raízes do Brasil
com a cruz de Pernambuco?

Será minha namorada
ensinando vinho e verso no dia da paz?

É minha namorada com a rosa dos amantes
e o perfume das alquimias?

Será minha namorada
pregando a poesia, o poema e o amor
com carmins e jasmins?

É minha namorada lotando de seda os peões?

Amo a minha namorada clássica
ela pula comigo a catraca do ônibus
come lanche de moedas
vai ao cinema dos sem-terra e sem-teto
e se faz rainha na chincha

POEMA DO ANJO

No corpo de Angelita
o mar canta a barcarola azul
o peixe luminoso reluz o cristal
o sol se faz arco-íris
e os barcos brincam com Deus

No mais íntimo do corpo de Angelita
a cidade-luz se encanta
o Recife é o pão da aurora
a casa de chá espera a poesia

e eu, grande artista, amante de todas as horas,
amanheço no seu ponto G

                                
                                   

UM POETA FUTURO, de Endre Ady

Quando acabar nos jardins húngaros
a raça humana: a rosa- um santo
moço tristonho há de ficar
e ele terá razões de pranto.
Invejo-te, moço futuro,
que cantarás tua cantiga
quando não mais houver quem ouça
ou sofra a nossa Praga antiga.

Endre Ady nasceu no dia 22 de novembro de 1877, foi um poeta húngaro que causou controvérsia na época em que escreveu poemas sobre uma mistura de erotismo, profecia, teologia calvinista, patriotismo desesperado, política radical etc.Foi o grande pioneiro da literatura húngara moderna,e apesar de estar vinculado ao simbolismo, é considerado o introdutor das vanguardas na Hungria.